terça-feira, 2 de novembro de 2010

O chá de cadeira e o tempero


Era uma sexta-feira de agosto. O restaurante italiano bem localizado na área de concentração dos teatros estava fervilhando, afinal, mais um final de semana estava apenas começando.

Aguardando a conclusão do preparo de um prato, avistei uma bela moça, alva, por volta dos seus 28 anos, sentada a uma mesa próxima, firme com elegância. Maquiagem com tons avermelhados fortes, o cabelo castanho esculpido cuidadosamente num belo arranjo feito por algum cabeleireiro, os olhos castanhos impacientes combinavam harmoniosamente com o cabelo. Trajava um belo vestido azul, com uma tonalidade que não sei mencionar, um vestido de festa. No braço, um delicado relógio consultado a exaustão.

Na medida que o tempo passava, os olhos se concentravam na porta. Minutos depois o celular apareceu e ficou sob a mesa. Cada ligação era em vão, pela expressão no rosto, nada de mensagens, a não ser as que foram enviadas por ela.

Recebemos o prato, não me recordo bem o que, estou enfatuado de comida italiana, mas lembro bem da maravilhosa carne de carneiro que desmanchava no garfo.

A elegância como uma pedra de gelo caída na rua num sol extenuante foi sendo derretida pela ansiedade e impaciência. O cotovelo apoiava o braço que suportava o queixo delicadamente com a mão bem cuidada com as unhas pintadas de vermelho que tocavam repetidas vezes suavemente a maçã do rosto. E os olhos congelados na porta.

É claro que ela não foi a primeira e não será a última garota que provou de um chá de cadeira numa sexta à noite, mas até hoje me pergunto duas coisas: o que motivou o atraso de seu par? Seria o trabalho, o trânsito, uma outra amante, a fatalidade, o desgaste da relação? E a última pergunta: qual era o tempero utilizado no carneiro? Seria curry com coentro?

Depois de mais alguns minutos a garota chamou o garçom, que avisou o porteiro, que solicitou um táxi. A bela garota esbelta vestida de azul, com as costas nuas se dirigiu a porta e desapareceu na cidade conduzida pelo motorista. Que pecado.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A catota e o cíume


Quarta-feira, noite típica de inverno numa cidade grande e fria. O casal se despede dos amigos, entra correndo no carro e após a partida, ligam o aquecedor. Gigi e Diego são daqueles casais em que o rapaz é o mais jovem da relação, uma diferença de sete anos mesmo os dois possuindo vinte e poucos anos. A mulher estava na direção e resolveu pegar um atalho, passando por ruas estreitas rodeadas de árvores de um parque da cidade onde as pessoas adoram fazer caminhadas e jogar conversa fora nos finais de semana.
Gigi começa então a falar sobre os problemas de seu trabalho, a dificuldade em lidar com alguns colegas e a irritação proporcionada por essa interações. Num certo momento, o carro para no semáforo e Diego faz um grande esforço para interagir com a namorada nesse diálogo com cara de monólogo. “Está verde”, avisa o rapaz para a moça distraída que não para de falar.
O carro passa o farol e entra numa extensa avenida da cidade que os conduzirá as imediações da casa de Diego. Já cansado de ouvir as reclamações de Gigi, distraidamente introduz o dedo indicador numa das narinas e começa a limpar o salão, um desses cutucões onde o dedo faz movimentos meio circulares e profundos no nariz. Após alguns segundos, percebe que há um veículo emparelhado acompanhando o trajeto do carro. Ao olhar pela janela, percebe que está protagonizando um show apreciado por alguns estudantes entediados que estavam numa Van retornando para casa. “É mesmo! O Campus da Universidade fica por aqui...”, após esse rápido pensamento, o jeito mesmo é assumir o cutucão, então começa a se insinuar com o dedo no nariz para a sua platéia. A reação é surpreendente e leva o público ao delírio. Alguns estudantes estavam acordando os sonolentos da Van para assistir ao espetáculo.
Gigi ao perceber que seu namorado estava inquieto, ao olhar para o lado, percebeu que uma estudante já estava com parte do corpo para fora da janela soltando gritinhos histéricos e rindo da cena que acompanhava. Indignada, perguntou: “Diego o que é isso? Paquerando essa vagaba bem na minha frente?”. Com o dedo no nariz, o rapaz respondeu: “Claro que não, estou limpando o nariz com o dedo e o pessoal estava olhando, daí resolvi tornar a situação divertida” e virou-se rapidamente para atender os espectadores, exibindo caretas, sem tirar o dedo do nariz.
Mas a moça insistiu: “Para com isso, ela não tem que ficar te olhando não. Para de dar bola para essa guria”. “Bola para essa guria? Gigi isso é uma brincadeira, que mulher no universo seria conquistada por um homem que chega nela com um dedo no nariz? Isso não existe...”. Nesse momento o carro do casal acelerou, passou a Van, Diego consegui dar um tchauzinho com a outra mão para os seus fãs e adiante entraram numa rua apenas para se distanciar da Van.
Gigi ficou muito magoada naquela noite, sentiu-se traída por Diego que a trocou por uma qualquer e ainda fez isso estando ao seu lado! Por mais que Diego explicasse a brincadeira e argumentasse coerentemente que dificilmente uma mulher se sentiria atraída por um homem com o dedo dentro do nariz, a mágoa levou alguns dias para ser superada. Mas talvez a coisa mais irônica que aconteceu nesse relacionamento foi Gigi ter traído Diego com um suposto amigo, mais velho e mais gordo que ele sem nunca ter ciúme da atenção que ela oferecia ao rapaz. Vá entender...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O que estou fazendo - out 2009


Estou meio sumido para uns e muito presente para outros. Para quem sente minha ausência, lá vai um balanço do que estou fazendo entre os meses de agosto e outubro do estranho ano de 2009:

* Estou em Mauá: voltei para essa cidade meio na surdina, para procurar emprego e voltar a morar na grande São Paulo. Estou com fone novo, quem quiser me peça que eu passo via e-mail, orkut, twitter, etc...

* Estou tentando escrever uma graphic novel: como gosto de histórias, resolvi escrever uma sobre Zumbis na cidade de São Paulo. Meio inspirado por Admirável Mundo Novo de Huxley, estou escrevendo essa história e o Sugoi na medida do impossível está fazendo a arte, se isso vai sair, é uma outra história...

* Estou procurando emprego: sim, nas áreas de Logística e PCP. Quero muito voltar a atuar nessas áreas e também voltar a estudar para entrar no mercado como professor. Por enquanto, estou na correria para conseguir algumas entrevistas.

* Sai da MPC: é estranho escrever isso: "sai da MPC", mas fiz isso para focar minhas energias e recursos para a atuação numa área onde eu tenha retorno fincanceiro. Preciso comprar comida né... Dependendo, essa saída da MPC é um até logo...

* Estou procurando uma comunidade cristã em SP: sou um cara como outro qualquer, portanto, sou um cafajeste...rs Procuro um grupo de pessoas que vivam uma experiência cristã comunitária e estejam dispostas a receber mais um pecador. Dia desses eu vou dar um pulo na CBM (acho que é isso), comunidade do meu amigo Rubão. Aceito indicações, desde que sejam para grupos de pessoas que saibam que são pecadoras e dependam de Jesus para viver, do contrário, não me convide nem por educação.

* Estou enchendo o saco do meu primo Tiago: com ele fechei os jogos Castlevania 3 e Battletoads, conheci o jogo do The Warriors (muito louco) e pensamos sobre soluções para o desemprego, economia, informática, a vida, o universo e tudo o mais...

* Fui no acampamento do JV/FLAM/ABUB: o que valeu a pena foi a presença do meu bro Esdras (sou muito grato a esse cara), a entrevista que fiz com o Paulinho do site irmaos.com, a palestra sobre vida digital do Gustavo Da Hora (foi dá hora meu), das preleções de Taís Machado (seria uma Nane contextualizada?) e Binja (a verdade da mentira da verdade já foi fruto de algumas reflexões minhas) e claro, da super entrevista que fiz com o Cal sobre piercings e suas curiosidades.

* Conversas com o China: outro bro. Os nossos diálogos tem sido muito reflexivos e claro, engraçados. Foram esses papos que me fizeram voltar a comer os lanches do Extra, mais baratos e com alguma sustança.

* Visita Dani e Diguinho + MPC SP: mais gente que eu amo. O pastel na frente do Pacaembu foi demais. Mais nossos diálogos e afetos sempre são o ponto alto dos nossos encontros. Acertei com a MPC SP um esquema para escrever mensalmente no Blog sobre personagens da história da Igreja. A primeira pessoa que será apresentada é o respeitável James Houston, um dos últimos grandes pensadores cristãos do século XX e discípulo de Jesus que muito me ensina.

* Visita Família Coutinho: olha aí, mais gente querida. E de quebra o Manu apareceu. É bacana ser cercado por gente bacana. Simples assim.

Mando um Salve para o Demétrius, a Cris e a Rebeka de Cerquilho, para o Sugoi de Mauá, o Germano de São Paulo, a Nana de Manaus e a Analice de João Pessoa.

domingo, 2 de agosto de 2009

A primeira impressão, o sofá, o gato, a coriza e adjacências


A sala estava repleta de sombras. As reformas realizadas no apartamento desativaram o sistema de iluminação da sala. Em “L” o sofá fofucho acompanhava uma bendita mesinha, que apoiava um arranjo floral de plástico. Um gato passeava no local, claro, se comportando como o dono do mesmo e naturalmente distribuindo o seu pêlo por onde passava.
Eram três pessoas sentadas no ambiente. A ocasião? Surreal. Rapaz de vinte e quatro anos visita namorada antes virtual agora real e tem o primeiro contato com a mãe desta, residente numa cidade quente, seca e fantasiosa. Naquele momento o objetivo do sujeito era simples: causar a melhor impressão possível.
Os três sentam no sofá e começam a desenvolver um diálogo. No inicio, trivial, conversando sobre a viagem, o clima da cidade, coisa e tal. Terminado isso, o silêncio pula na frente das pessoas, só não é tão constrangedor devido à falta de iluminação e a intervenção felina do gato branco, peludinho, que passeava pela sala não respeitando a presença física das pessoas, inclusive caminhando sobre pernas e braços. Nesse momento, uma estranha sensação de déjà vu assombra João; a mãe da menina é muito parecida com a mãe de uma ex-namorada, a dona Maria. Inusitado.
O rapaz com a garganta seca, antes de iniciar o seu discurso, pede um copo d água à namorada cujo apelido é Drika. Após o primeiro gole, colocou o copo na mesinha e ao inspirar percebe que o nariz recebeu justo naquele momento a visita de uma maldita coriza, numa fração de segundos ele recorda as palavras estúpidas de uma canção infantil entoadas pela Vovó Mafalda (algo assim: “ai meu nariz, ai meu nariz, ele se parece muito mais com um Chafariz!”). Mesmo assim, começa a discursar: “Então dona Ana, como você sabe conheci a sua filha na internet há alguns meses e depois de muitas conversas pelo e-mail (?), msn e telefone resolvemos namorar (nesse momento, uma pequena quantidade de muco transparente descia generosamente do nariz, discretamente, a mão esquerda toca o infeliz impedindo a gosminha de pingar na camiseta) e gostaria de saber se a senhora tem alguma recomendação, sei lá, queira falar alguma coisa sobre isso”.
Então dona Ana iniciou um breve relato sobre sua história, e claro, nesse período a cabeça do casal apenas balançava verticalmente e em alguns momentos horizontalmente intercalados por interjeições (oh!, mesmo?, caramba!, duro né?, etc.) e a mão esquerda juntamente com o nariz já estavam ficando melecados. Num dado momento, João pediu licença, foi apressadamente ao banheiro, lavou o nariz e as mãos, pegou uma quantia considerável de papel higiênico e retornou a sala sombria, que naquela ocasião estava lhe servindo de companheira para atingir aquele objetivo.
Ao retornar, afundou no sofá com direito ao ruído de pum emitido pela compressão do assento, sentiu a garganta seca e foi dar mais um gole no copo d água. Enquanto a água proporcionava a sensação de alívio na garganta, sentiu a presença de uma coisa estranha rapidamente identificada: pêlo de gato. Naturalmente engasgou, tossiu como um fumante em estágio final de vida e soltou uma bola de pelos da boca (brincadeirinha foram apenas alguns pelinhos).
Nesse momento, o cara já estava pouco se lixando com bons modos. O único pensamento que estava sentado em sua mente era de matar o maldito gato, e claro, “...tomar o maldito anti-alérgico, dormir e acordar no dia seguinte, que m#@x!”. Mesmo acudindo o rapaz, por alguma estranha razão, a dona Ana desejou maior interação com ele, e iniciou uma série de perguntas, do tipo “você mora lá a quanto tempo”, “o que fazem os seus pais”, “é formado em quê?”, “trabalha com o quê?”, “onde você estudou?”, etc.
Solicito mas aparentemente irritado, João foi respondendo as perguntas. Desejando estabelecer laços de afeição, fazia questão de iniciar as respostas com vários “então dona Ana”, entretanto, automaticamente trocava o “dona Ana” por “dona Maria”, sabe como é que é, herança do relacionamento (bem) passado. Depois de alguns momentos percebeu o ocorrido, mas, à francesa, apenas começou a fazer um grande esforço para não cometer a gafe. Sabe-se lá quantas vezes trocou os nomes, pois o nariz, a garganta, o ódio pelo gato e o cansaço da viagem começavam a alterar o seu comportamento.
Após terminar o diálogo, pegou suas roupas na mala, correu para o banheiro, tomou um banho intermitente (água fria e água quente, lembram da reforma?), se vestiu e passou um tempo, digamos, interessante com a namorada. Aquilo era só o começo do que estava por vir nos próximos dias.
Dias inusitados.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Sobre o dia dos namorados: mini conto


De segunda a sexta-feira Rafael acordava às 06hs30min, pulava da cama, ia ao banheiro, tomava uma rápida ducha, escovava os dentes, utilizava o desodorante, borrifava duas vezes um perfume suave no pescoço, vestia sua roupa e literalmente, corria para o trabalho.
De casa para o trabalho levava uns 30 minutos, já que apenas precisava tomar um metrô entre as estações da Liberdade e Vila Mariana. E durante os poucos minutos na minhoca de metal avistava uma bela e simpática moça, que devido ao clima matutino de outono/inverno, sempre estava vestida com uma blusa preta com um cachecol vermelho enrolado no pescoço. Mas o que mais chamava a atenção do rapaz era o olhar compenetrado no livro que segurava firmemente numa das mãos, sendo que de tempos em tempos a outra mão ajeitava os óculos que teimavam em escorregar pelo delicado nariz levemente arrebitado da assídua leitora.
Quando estava hipnotizado observando tal figura, ouvia o sinal soar e o operador anunciar a estação da Vila Mariana como próxima parada. Era hora de voltar para o mundo real.
Sobre o trabalho de Rafael, nada direi. Não que o trabalho deixasse de moldar nosso personagem, mas o foco dessa breve história é o processo onde a curiosidade do menino o levou a conhecer a moça da leitura, termo cunhado pelo próprio.
Como a moça sempre estava no mesmo canto do vagão do metrô, dia após dia o cara foi se aproximando dela. Numa quinta-feira, por estar ao lado dela, percebeu que a garota lia Dom Casmurro escrito por Machado de Assis. Ele presumiu que ela já lera três quartos do livro ao observar as páginas presas pelo dedão esquerdo. No mesmo dia durante a noite, sem hesitar, ligou o computador e foi vasculhar no Google resumos sobre a obra de Assis. Rafael utilizou esse recurso por simplesmente ignorar o conteúdo do livro, apesar de já existirem filmes e até um seriado sobre o mesmo. Em todos os resumos que lera percebeu que uma das incógnitas da obra era a questão da traição ou não de Capitú em seu casamento com Bentinho, apesar do narrador da história apontar elementos que podem inclinar o leitor a crer na traição.
Na sexta-feira, ao entrar no vagão e se aproximar da moça da leitura, tomou coragem, e dirigiu as seguintes palavras para ela: Desculpe interromper sua leitura, mas gostaria de saber sua opinião, e então, Capitú traiu ou não Bentinho?
A moça surpresa dirigiu o olhar para Rafael e de maneira simpática respondeu: Olha, eu acho que não, acredito que o ciúme de Bentinho o fez ter essa impressão errada de Capitú. E você, qual a sua opinião?
Ele não contava com a resposta da menina e muito menos com essa pergunta, mas de maneira safa e com algum embaraço respondeu: Eu ainda não cheguei a uma conclusão.
Imediatamente a moça se surpreendeu: Sério!? Você é a primeira pessoa que eu conheço que fica em cima do muro nessa questão. Mas o que falta para você chegar a conclusão?
Só restou a Rafael soltar um: Bem..., então, tipo assim... quando de repente ouviu soar o sinal e anunciar a estação da Vila Mariana. Rapidamente disse a moça: Poxa vou ter que descer no próximo, que pena, bem na hora em que iria te explicar... Se você não se importar eu explico outro dia, claro, se for possível. A moça sorriu e balançou a cabeça de modo afirmativo. Então ele se despediu dela com um tchau e saiu corado do vagão.
Enquanto subia as escadas ele pensou como transmitiu uma péssima imagem para a moça, aliás, esqueceu até mesmo de perguntar qual era o seu nome. Em sua mente conversava consigo mesmo:
Eu ainda não cheguei a uma conclusão, droga, ela deve ter pensado que eu sou um idiota, mas pelo menos ela interagiu comigo, quem sabe outro dia? Mas e se ela me achou um desses malucos chatos que puxa conversa no metrô? E o nome dela, porque eu não perguntei, já que ela havia me dado atenção, tsc, tsc, tsc, quando vou aprender a ser objetivo? Quem sabe na segunda?
Ao chegar no escritório se recordou que aquela sexta era o dia dos namorados. Mesmo há alguns anos sem namorada sabe se lá porque, pelo menos, naquele dia foi dormir abraçado a uma ponta de esperança proporcionada pelas infinitas possibilidades que podem ocorrer no próximo encontro, mas antes, precisava ler mais sobre o enigmático livro de Assis para bolar uma boa explicação sobre não ter uma posição definida sobre a traição ou não de Capitú.

Imagem: Sugoi

domingo, 15 de março de 2009

Sobre a oração...


Muito se fala sobre a oração, seja sobre o seu poder ou simplesmente sua necessidade. Dentre as mais variadas vertentes sobre a oração, abracei aquela que me parece mais aproximada com a apresentação bíblica: a oração como instrumento de relacionamento com Jesus.
Soren Kierkegaard cunhou uma frase mais ou menos assim: a oração não muda a vontade de Deus, mas sim, a nossa. É muito possível que ele tenha observado Jesus Cristo pedindo ao Pai para fazer o que Ele desejava ao invés de sua vontade naquele exato momento.
Se você encara a Trindade como a comunidade de três pessoas, com identidades distintas, mas apenas uma única essência, uma união perfeita, descrita por Eugene Peterson pelo termo perichoresis que segundo o autor: “Perichoresis significa dança em grego... Imagine uma contradança folclórica de roda, com três participantes em cada grupo. A música começa e os três de mãos dadas, começam a se mover num círculo. Como um sinal do marcador, eles soltam as mãos, mudam a formação, vão de um lado para o outro. O ritmo acelera, os participantes movem-se com mais rapidez entretecendo-se uns com os outros, balançando e girando, segurando e soltando, aproximando-se e separando-se. Mas não há confusão, todos os movimentos são perfeitamente coordenados, seguindo ritmos precisos (são dançarinos experientes e hábeis!), e cada pessoa mantém sua própria identidade” (A maldição do Cristo Genérico, p. 59 e 60), então você provavelmente encara o Pai, o Filho e o Espírito Santo como um ser absoluto, ativo, pleno de conhecimento (afinal, ele criou o mesmo), que existe desde a eternidade e não está preso na linha do tempo.
Ás vezes penso: como conversar com um Ser tão grandioso como esse?
Como as minhas necessidades cotidianas de alimentação, movimentação, educação, relacionamento e tantas outras, como por exemplo, as abelhas que montaram uma colméia no telhado de casa e que oferecem perigo para qualquer um que ousar mexer nas telhas podem ser do interesse desse Ser?
Quando leio os evangelhos, fico embasbacado com Jesus puxando conversa com uma mulher samaritana, que na época, era vista como uma pessoa de má fama, ou simplesmente se auto convidar para uma refeição na casa de um fiscal da receita federal de Israel que na cara dura enriquecia com negociações extra-oficiais. Fora a paciência em ouvir os seus discípulos, de pedidos inescrupulosos do tipo: aí Jesus, deixa eu e meu irmão sermos os nº2 e 3 do Reino de Deus?
Sim, Ele nos ouve! Desde os nossos pedidos mesquinhos e egoístas, que destoam de seu caráter, até nossas confissões sinceras, pedidos de socorro e as lamentações por nossos erros, falhas ou a desgraça que inesperadamente nos abraça.
Quando converso com Jesus imagino que estou falando com um amigo de longa data, que está mais interessado em me ouvir, pensar no que falei e compartilhar comigo sua sensata observação sobre o que estou falando para Ele, me orientando a tomar decisões difíceis, mas acertadas e coerentes, de maneira que o seu amor por eu é evidente.
Por mais que tenhamos sonhos, planos e projetos, se entregamos nossas vidas nas mãos de Jesus, sendo guiados pelo Espírito Santo, só nos resta compartilharmos nossas vidas com Jesus e por fim, encerrar nossa conversa com a frase dura, mas libertadora que Ele mesmo ensinou: “... não seja feita a minha vontade, mas a tua.” (Evangelho de Lucas capítulo 22 versículos de 39 à 45).

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Prestação de Contas

Cerquilho, 03 de fevereiro de 2009.
Esdras meu mano e MPC Mauá! Preciso compartilhar com vocês sobre como foi o treinamento e o ENO deste ano.
No treinamento fiquei encarregado de organizar os locais e fornecer suporte necessário para a realização de oficinas que abrangiam diversos assuntos, de trabalho em grupo à missão integral. Também fiquei encarregado da arrumação do auditório, do lançamento de notas na planilha de avaliação e da liderança de um pequeno grupo de adolescentes entre 16 e 17 anos.
Trabalhei bastante no treinamento, foi um momento de reordenar as idéias e ouvir coisas fantásticas como por exemplo, o funcionamento de grupos de trabalho para a execução de tarefas, muito útil.
No mesmo tive a oportunidade de varrer os corredores do auditório e refeitório e a escadaria com a pessoa que apresentou a MPC para mim na década de 90, o antigo líder da MPC São Paulo Wagner Glória. Junto com ele estou tecendo sonhos para um projeto com líderes de jovens no que se refere a transição de liderança, ou seja, o processo de passar o bastão.
Lá também conheci o Pr. K e sua esposa Cida, e talvez eu vá realizar algum trabalho com a juventude da Igreja Presbiteriana no retiro de carnaval deles.
Como líder de pequeno grupo pude ouvir alguns adolescentes e aconselhá-los no temor do Senhor.
A má notícia fica por conta da doença do Pr. Roberto Márcio (não sei ao certo se é um mioma), ele está realizando um tratamento forte e procurando doador de medula óssea, por favor, avise aos que são discípulos de Jesus para intercederem por ele.
Sobre o ENO (Encontro Nacional de Obreiros), foi uma reunião surpreendente. Nesse ano ficamos estudando o foco estratégico da MPC:
“A MPC trabalha em conjunto com igrejas locais e outros parceiros de visão, alcançando jovens em todos os lugares, para se tornarem seguidores de Jesus por toda a vida, que lideram através de um estilo de vida santo, com devoção pela Palavra de Deus e oração, paixão por compartilhar o amor de Cristo e compromisso com o envolvimento social”.
Além disso, pude apresentar uma rápida palestra sobre o preenchimento de relatórios e exortar os líderes da MPC a continuarem a celebrar ao Senhor através dos mesmos.
Algumas palestras me marcaram durante o ENO: a palestra ministrada pelo Pr. Ricardo Costa sobre a realização de devocional e meditação bíblica, a palestra de Breno Brilhante, Secretário Executivo Regional do Nordeste sobre a paixão pelos jovens que não conhecem a Jesus, a palestra do Pr. Ivênio dos Santos sobre a graça da Salvação e da Santificação e por último, a palestra do Pr. Ricardo Costa sobre o funcionamento do discipulado na época de Jesus.
Todas essas palestras e o testemunho dos participantes da Assembléia Geral da MPC Internacional realizada em setembro último na África do Sul, juntamente com as conversas com demais obreiros da MPC foram edificantes e me auxiliaram a olhar para Jesus numa outra perspectiva, mais esperançosa do que a minha própria.
Quero agradecer publicamente a MPC Mauá e ao Esdras por acreditarem em mim e investirem no ministério que tenho desenvolvido entre adolescentes e jovens ao me enviarem para o treinamento e o ENO 2009. Jesus usou vocês de maneira surpreendente!
Obrigado!
Fábio
P.S. não deixem de ver as fotos no meu orkut...