domingo, 15 de março de 2009

Sobre a oração...


Muito se fala sobre a oração, seja sobre o seu poder ou simplesmente sua necessidade. Dentre as mais variadas vertentes sobre a oração, abracei aquela que me parece mais aproximada com a apresentação bíblica: a oração como instrumento de relacionamento com Jesus.
Soren Kierkegaard cunhou uma frase mais ou menos assim: a oração não muda a vontade de Deus, mas sim, a nossa. É muito possível que ele tenha observado Jesus Cristo pedindo ao Pai para fazer o que Ele desejava ao invés de sua vontade naquele exato momento.
Se você encara a Trindade como a comunidade de três pessoas, com identidades distintas, mas apenas uma única essência, uma união perfeita, descrita por Eugene Peterson pelo termo perichoresis que segundo o autor: “Perichoresis significa dança em grego... Imagine uma contradança folclórica de roda, com três participantes em cada grupo. A música começa e os três de mãos dadas, começam a se mover num círculo. Como um sinal do marcador, eles soltam as mãos, mudam a formação, vão de um lado para o outro. O ritmo acelera, os participantes movem-se com mais rapidez entretecendo-se uns com os outros, balançando e girando, segurando e soltando, aproximando-se e separando-se. Mas não há confusão, todos os movimentos são perfeitamente coordenados, seguindo ritmos precisos (são dançarinos experientes e hábeis!), e cada pessoa mantém sua própria identidade” (A maldição do Cristo Genérico, p. 59 e 60), então você provavelmente encara o Pai, o Filho e o Espírito Santo como um ser absoluto, ativo, pleno de conhecimento (afinal, ele criou o mesmo), que existe desde a eternidade e não está preso na linha do tempo.
Ás vezes penso: como conversar com um Ser tão grandioso como esse?
Como as minhas necessidades cotidianas de alimentação, movimentação, educação, relacionamento e tantas outras, como por exemplo, as abelhas que montaram uma colméia no telhado de casa e que oferecem perigo para qualquer um que ousar mexer nas telhas podem ser do interesse desse Ser?
Quando leio os evangelhos, fico embasbacado com Jesus puxando conversa com uma mulher samaritana, que na época, era vista como uma pessoa de má fama, ou simplesmente se auto convidar para uma refeição na casa de um fiscal da receita federal de Israel que na cara dura enriquecia com negociações extra-oficiais. Fora a paciência em ouvir os seus discípulos, de pedidos inescrupulosos do tipo: aí Jesus, deixa eu e meu irmão sermos os nº2 e 3 do Reino de Deus?
Sim, Ele nos ouve! Desde os nossos pedidos mesquinhos e egoístas, que destoam de seu caráter, até nossas confissões sinceras, pedidos de socorro e as lamentações por nossos erros, falhas ou a desgraça que inesperadamente nos abraça.
Quando converso com Jesus imagino que estou falando com um amigo de longa data, que está mais interessado em me ouvir, pensar no que falei e compartilhar comigo sua sensata observação sobre o que estou falando para Ele, me orientando a tomar decisões difíceis, mas acertadas e coerentes, de maneira que o seu amor por eu é evidente.
Por mais que tenhamos sonhos, planos e projetos, se entregamos nossas vidas nas mãos de Jesus, sendo guiados pelo Espírito Santo, só nos resta compartilharmos nossas vidas com Jesus e por fim, encerrar nossa conversa com a frase dura, mas libertadora que Ele mesmo ensinou: “... não seja feita a minha vontade, mas a tua.” (Evangelho de Lucas capítulo 22 versículos de 39 à 45).