quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Amor de perdição

É estranho quando vemos casos na tv como o de Eloá. Uma menina de 12 anos que começa a namorar um rapaz de 19 anos, que depois de 3 anos é assassinada pelo mesmo porque rompeu a relação com ele e começa a namorar com um terceiro.
O caso de Eloá não é isolado. Ele apenas é um de diversos desdobramentos relacionais de nossa época. Depois que a desgraça ocorreu, ficamos pensando no que deu errado. Muitos condenaram a mãe da menina por permitir o relacionamento da menina aos 12 anos, mas a situação não é tão simples como parece. O argumento da mãe sobre a permissão se baseou no já conhecido "se nós pais proibimos, então os filhos fazem escondido".
Todos nós somos responsáveis pela situação presente. Ou fomos compassivos com as mudanças ocorridas em nossa sociedade ou simplesmente nos calamos diante das mesmas. Leia-se "calamos" como a inércia de debater em nossos círculos sociais sobre tais mudanças, seus benefícios, malefícios e impactos presentes e/ou futuros que elas nos trazem. Dar "pitaco" em situações ocorridas com "outros" não se enquadram nesse escopo, e nunca na história da humanidade isso contribuiu com a reflexão e/ou aperfeiçoamento das relações humanas.
Sempre que um crime desse choca o país e há a existência do "clamor popular" ouvimos aquelas frases feitas do tipo: "Isso é falta de Deus", ou "Precisamos resgatar a moral", etc...
Na minha opinião, isso é um paliativo que utilizamos para aliviar nossa perplexidade e continuarmos nossa corriqueira jornada desprovida de reflexão, meditação, silêncio e compartilhamento de como estamos vendo o mundo atual com outras pessoas.
Um velho sábio poeta de uma sabedoria milenar certa vez escreveu: "não despertem nem provoquem o amor enquanto ele não o quiser". Antes que você, paciente leitor, se pergunte sobre o significado dessa pérola, apenas saiba que ela provém de uma época em que o pensamento humano compreendia que há um tempo específico para a implementação de decisões na vida, da mesma forma que há tempo específico, de acordo com as épocas que existem para se plantar, cultivar e colher.

Sabemos que uma mulher pode ter uma gestação a partir do momento que seus óvulos estão prontos para o processo, mas isso não significa que tão logo esse processo seja iniciado ela deve se dispor a maternidade. As pessoas não nascem prontas, todos nós estamos num processo de maturação. Provar de frutos verdes não é um ato saboroso ou prazeroso, é algo amargo, que tira todo o potencial que o sabor poderia alcançar caso amadurecesse no tempo devido.

A cada ano os relacionamentos amorosos entre pessoas tem se iniciado mais cedo e com um novo arranjo para a nossa época: os relacionamentos amorosos entre pessoas do mesmo sexo. Isso não é novidade dentro da história da humanidade, mas, me pergunto: Por que não olhamos para a história procurando os indícios sobre as culturas que possuíam essa prática e os motivos que levaram a implementá-la e depois abandoná-la? Acredito que isso nos ajudaria muito a encontrarmos parâmetros para discutir a situação atual.

Outras perguntas me incomodam:

· A relação sexual é o ápice da felicidade humana? A pessoa só pode se declarar feliz caso tenha uma vida de atividade sexual?

· Por que o sexo é encarado na atualidade como uma atividade equivalente a uma prática de entretenimento, como assistir um filme, praticar por diversão um esporte, etc?

· O ato de poder gerar uma nova vida é realmente algo valioso para nossa sociedade? Temos o devido respeito sobre gerar uma nova vida ou simplesmente a vemos como um processo que pode ser manipulado e totalmente reversível?

· O que relacionamentos como ficar, namorar, noivar e casar realmente significam para nossa sociedade como um todo? O problema está intrinsecamente nos arranjos criados ou comportamento humano atual diante deles?

· Devo consultar alguém, como meus pais, amigos, professores, antes de tomar decisões significativas sobre minha vida? Fico pensando o que poderia ter acontecido se Lindenberg procurasse um amigo e compartilha-se com ele o que estava planejando para “recuperar” o “amor” de Eloá.

· Como a polícia inglesa conseguiu diminuir e quase eliminar a comercialização de armas dentro da Inglaterra? O que nos impede de implementar isso no Brasil? Que outras soluções podemos encontrar para esse problema de nosso país?

· Quais são os procedimentos utilizados pelo o GATE em situações de seqüestro? Existe um diagrama processual de decisões passíveis de implementação quando esgotados as tentativas de negociação de libertação de reféns?

· Afinal, o que de fato representa essa palavra denominada amor?

Acredito que esses questionamentos nos ajudarão a iniciar um processo de reflexão e discussão dentro de nossos círculos sociais, desde que sejam encarados com franqueza e gerem respostas sinceras, por mais perturbadoras que sejam.

Fica aqui registrado a minha tristeza com o ocorrido com essas famílias de Santo André e meu desejo que sejam consoladas por Jesus Cristo através daqueles que os amam ou que se compadeçam com a dor gerada por essa tragédia.

Que ela apenas não alimente a necessidade de produzir notícias da imprensa e curiosidade da população brasileira, mas que sirva de lição, tanto para famílias, adolescentes desejosos de amadurecer precocemente desnecessariamente, amigos, professores e para a sofrida polícia brasileira.

Até o próximo post!

Fábio