Era uma sexta-feira de agosto. O restaurante italiano bem localizado na área de concentração dos teatros estava fervilhando, afinal, mais um final de semana estava apenas começando.
Aguardando a conclusão do preparo de um prato, avistei uma bela moça, alva, por volta dos seus 28 anos, sentada a uma mesa próxima, firme com elegância. Maquiagem com tons avermelhados fortes, o cabelo castanho esculpido cuidadosamente num belo arranjo feito por algum cabeleireiro, os olhos castanhos impacientes combinavam harmoniosamente com o cabelo. Trajava um belo vestido azul, com uma tonalidade que não sei mencionar, um vestido de festa. No braço, um delicado relógio consultado a exaustão.
Na medida que o tempo passava, os olhos se concentravam na porta. Minutos depois o celular apareceu e ficou sob a mesa. Cada ligação era em vão, pela expressão no rosto, nada de mensagens, a não ser as que foram enviadas por ela.
Recebemos o prato, não me recordo bem o que, estou enfatuado de comida italiana, mas lembro bem da maravilhosa carne de carneiro que desmanchava no garfo.
A elegância como uma pedra de gelo caída na rua num sol extenuante foi sendo derretida pela ansiedade e impaciência. O cotovelo apoiava o braço que suportava o queixo delicadamente com a mão bem cuidada com as unhas pintadas de vermelho que tocavam repetidas vezes suavemente a maçã do rosto. E os olhos congelados na porta.
É claro que ela não foi a primeira e não será a última garota que provou de um chá de cadeira numa sexta à noite, mas até hoje me pergunto duas coisas: o que motivou o atraso de seu par? Seria o trabalho, o trânsito, uma outra amante, a fatalidade, o desgaste da relação? E a última pergunta: qual era o tempero utilizado no carneiro? Seria curry com coentro?
Depois de mais alguns minutos a garota chamou o garçom, que avisou o porteiro, que solicitou um táxi. A bela garota esbelta vestida de azul, com as costas nuas se dirigiu a porta e desapareceu na cidade conduzida pelo motorista. Que pecado.
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